Saturday, March 8, 2008

Uma ambientalista no lugar errado?

Certamente, já se depararam por diversas vezes com a seguinte dúvida: estaremos nós no curso certo?
Várias vezes fiz a mim mesma essa questão, e nunca tive dúvidas. Continuo a não ter, apesar do que vou escrever em seguida. Não tenho dúvidas. Apenas me pergunto se duas linhas contrárias de pensamento podem coexistir.
O curso que frequento é vocacionado para uma das indústrias mais poluentes do mundo (indústria mineira). No entanto, sem ela, não poderíamos viver, pois é graças a ela que extraímos quase tudo o que consumimos: petróleo, gás, água, minérios... Podemos minimizar os impactos ambientais da actividade mineira, mas não podemos nunca suprimi-la.
Acontece que eu sou uma ambientalista quase a 100%, apoiando algumas instituições que defendem o meio ambiente e os animais: PETA, WWF, Greenpeace, National Geographic. Participo em algumas campanhas/actividades, faço reciclagem, dou donativos, etc. Parece-me (e parecer-vos-á a vocês) contraditório que eu venha a trabalhar numa actividade tão poluente, sendo eu tão defensora da natureza.
A minha dúvida saltou ainda mais à vista, quando numa das últimas aulas de certa disciplina, se falou no facto de os ambientalistas, os biólogos, os arqueólogos e companhia, serem um grande entrave à engenharia de minas/geotecnia, pois fazem de tudo para não se construir uma barragem, ou uma ponte, SÓ porque tais empreendimentos vão danificar a ecologia do local, podendo condenar à extinção determinada espécie de formigas. E pus o só em letras maiúsculas em jeito de ironia. Porque isso me parece uma razão mais do que válida para que determinada obra já não se realize. Assim como as figuras de Foz Côa impediram uma importantíssima barragem de se construir. E acho que foi um motivo suficientemente forte. Ou os engenheiros só se incomodam em construir, mesmo que isso implique perder o património dos nossos antepassados, ou destruir determinadas espécies? Não digo que essas obras não façam falta, mas há-de haver uma solução que agrade a ambas as partes, minimizando os riscos para a natureza.
Como futura engenheira, deveria preocupar-me em construir determinada obra, ou abrir uma certa mina (porque é para isso que vou ser paga), sem pensar sequer no que isso poderia trazer à vida animal e vegetal naquele local. É claro que hoje os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) são obrigatórios, e só se forem positivos, é que o projecto avança. Mas há sempre muito interesse em que eles "dêem" positivo... É isso que me preocupa. Deveria eu passar-me para o outro lado?
Aloha

4 comments:

mig/mag said...

eu axo q fazes mt bem em estimar e desenvolver esse teu lado ambientalista. é de engenheiros com consciência, moral e apreço pelo que a natureza nos dá que o mundo precisa. bjs

Carla said...

ora nem mais, concordo plenamente com o Mike! Segue a tua profissão que tanto gostas mas nunca te esqueças do nosso planeta, afinal é onde vivemos =)

bjs e boa semana!

SoulHeaven said...

Depois do que li, só te posso dizer que acho que, ficando onde estás, terás provavelmente um belo futuro pela frente! ;)

Concordo com o mike e com a carla! Hoje em dia um lado ambientalista consciente é fundamental, seja em que área! As opiniões em contrário dos teus professores só demonstram o estado retrógrado da mentalidade do nosso país...

Beijinhos and keep it up! ;)

Ana said...

Fiko contente por partilharem da minha opinião.... começava a pensar ke era um caso perdido =P