Monday, November 28, 2011

Sugestão de leitura

















Digamos que encontrei a minha alma gémea. Pelo menos no que toca a viagens. Pena é que tenha 70 anos. Este senhor não só escreve bem, como tem um incrível bom gosto para viagens.
Neste livro, descreve a sua volta, ao longo de 5 meses, desde a sua saída de Londres, passando pela Europa de Leste, Médio Oriente, Sudeste Asiático, Japão, e culminando com a grande viagem do Transiberiano, aquela que mais anseio fazer. Para quem adora viajar de comboio, como eu, este livro torna-se obrigatório. Não sei como não o tinha descoberto há mais tempo, tendo em conta que foi escrito em 1975! As coisas eram bem diferentes nessa altura, e muitas mudanças houve nos países visitados por Theroux, desde queda de regimes, golpes de estado, guerras, separações e uniões... Mas uma coisa é certa: a sensação de prazer que uma viagem de comboio nos dá, mantém-se inalterável! Este livro faz-nos sonhar e viajar, como se, de facto, fôssemos no comboio com o escritor. Uma excelente prenda de Natal ;)
Aloha

Wednesday, November 23, 2011

The Ides of March





















Enredo interessante, bons actores e uma realização engenhosa fazem deste thriller dramático um bom filme. Tudo se combina na perfeição para o imprevisível desfecho.
O filme mostra-nos como tudo funciona no mundo da política, e como nem sempre os mais jovens e menos experientes ficam para trás. Há que ser esperto, mais esperto do que os outros, e sair vencedor. Mesmo quando tudo parece perdido, há que saber quais os trunfos a utilizar, e é aí que as coisas podem ter uma grande reviravolta.
Ryan Gosling, apesar de ser um jovem actor, demonstrou mais uma vez a sua notável qualidade.
Aloha

Monday, November 21, 2011

A crise e a sociedade de hoje em dia

Muito tem sido dito na sequência da reportagem publicada na última revista Sábado. Tenho que concordar com os argumentos apresentados por alguns dos estudantes entrevistados, sobre o facto de lhes terem feito várias perguntas, mas publicado apenas as erradas. Também o jornalista que fez a reportagem cometeu algumas incoerências graves. Isto mostra mais uma vez que os media deitam cá para fora apenas o que lhes interessa, o que vende e o que causa polémica.
No entanto, permitam-me dizer que, infelizmente, o nível de educação e de cultura geral está hoje muito mais baixo do que há umas décadas atrás. E isso é patente em muitos concursos televisivos, entrevistas e conversas.
Não sou defensora do Salazar – ele fez muita coisa boa mas também cometeu os seus erros (como todos, aliás). Mas no tempo dele, não havia cá segundas oportunidades. Sabia-se, passava-se; não se sabia, azar. Para o ano havia mais (foi a cantilena que mais ouvi enquanto frequentei o IST). Isto fazia com que as pessoas se esforçassem e fazia-se a escolaridade no tempo mínimo. Hoje em dia é vulgar um jovem andar 10 anos na Universidade a “passear”.
Eu estudei no IST (uma das faculdades mais exigentes do país), consegui fazer o curso em 6 anos e não sou nenhum prodígio. Na minha educação sempre me incutiram o valor do estudo e do esforço, e verdade seja dita, para além de não ter papás ricos a sustentarem-me, sempre me ensinaram a fazer as coisas no tempo certo. Não havia facilitismos. Andei numa faculdade pública porque quis (mas se quisesse uma privada, não teria essa sorte). Não tive explicações quando chumbei nas cadeiras mais difíceis, nunca tive um carro para ir para a faculdade (só porque chovia ou estava frio ou porque muitos colegas tinham e eu tinha de ter).
Prestes a terminar a faculdade, surgiu uma oportunidade de estágio em Sesimbra. Eu tinha de sair de casa às 6h para apanhar o comboio até Alcântara-mar, andar 10 minutos a pé até à paragem do autocarro que me levaria a Sesimbra. Uma vez lá, tinha de subir a colina até à zona das pedreiras (1200 m), de modo a lá chegar às 8h. Fazia isto tudo com um tripé às costas (uns 4 kg), entre outros materiais, e um sismógrafo em cada mão (2 kg cada). Que outro modo tinha eu de fazer isto, se não existia um carro a mais? Fiz, faria de novo se fosse preciso, e não me caiu nenhum bracinho por isso. Mas esta conversa toda para quê? Para provar que dantes também existiam dificuldades e as coisas se faziam (mas a mentalidade era outra); já hoje, apesar de tantos meios à disposição (para sermos mais cultos, por exemplo), existe uma falta de interesse inacreditável e desiste-se ao mínimo obstáculo. E a culpa é de quem? Dos pais que pouco se interessam pelos seus filhos, dos programas televisivos, que muitas vezes incitam a comportamentos errados. Senão vejamos, e vou escrever, mais ou menos, o que ouvi num episódio dos Morangos com Açúcar:
Pai: - Filho, é muito grave conduzires sem carta. Podes atropelar alguém e ser multado. Espera até passares no exame de condução.
Filho: - Não me chateies, eu tenho cuidado. Além disso, todos os meus amigos vão de carro e eu não posso ser diferente.
Mãe: - Deixa-o lá conduzir, todos têm carro, depois chateiam-no.
Filho: - Obrigado mãe, por me defenderes e compreenderes.
Ora parece-me que esta situação é tudo menos um bom exemplo para a juventude de hoje em dia, à qual tanto se pede para poupar nos recursos, pensar racionalmente, e agora, mais recentemente, poupar porque estamos em tempo de crise.
Eu sei que já me desliguei do meu tema inicial, mas está tudo relacionado. A falta de acompanhamento dos pais reflecte-se nos comportamentos errados dos filhos, que vão desde, desinteresse escolar, a comportamentos de risco (consumo de drogas, sexo desprotegido), passando por uma má gestão do seu dinheiro, seja ele ganho ou proveniente de uma semanada/mesada. E, aproveito para citar um excelente ditado popular, “Quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. Se não são incutidos nos mais novos bons hábitos de poupança e racionalização de recursos, bons hábitos de estudo e horários a cumprir, mais tarde essas pessoas terão uma enorme dificuldade em se adaptarem a horários de trabalho, responsabilidades familiares e outras adversidades da vida.
Isto para dizer que não é preciso andar às reguadas e aos castigos, como no tempo do Salazar, mas também não se pode permitir esta libertinagem toda, como se não houvesse amanhã. E foi com esse pensamento que entrámos em crise, a gastar mais do que o que tínhamos, a pedir créditos para pagar créditos, a ter “mais olhos do que barriga” só porque o vizinho ou o colega tinham isto e aquilo. Mas se calhar o vizinho e o colega podiam pagá-lo e agora não andam encalacrados. Ou se calhar estão ainda piores que nós. Façam a vida que podem ter, e não aquela que gostariam de ter. Crise? A crise só existe para os que quiseram voar mais do que as suas próprias asas. Triste é que agora pagam todos...
Aloha

Sunday, November 20, 2011

La Piel que Habito





















Este filme é, sem dúvida, a obra-prima de Pedro Almodóvar. Posso dizer que conheço a sua filmografia quase por completo, e que não tenho ficado desiludida com a sua evolução como realizador ao longo do tempo. Muito pelo contrário.
Neste filme, embora bastante diferente dos primeiros da sua carreira, Almodóvar não só não abandona os conhecidos e explorados temas da identidade e traição, como ainda lhes junta uma pitada de ficção científica. Só alguém tão talentoso como ele poderia ter misturado tantos ingredientes e obter um cozinhado perfeito.
Qualquer tentativa de descrição do filme vai ficar sempre aquém, pelo que eu sugiro mesmo que o vão ver. Muito mais maduro que os anteriores, não vai deixar indiferentes nem aqueles que não são fãs.
Aloha

Friday, November 11, 2011

Sugestão de Leitura





















Comprei este livro na Hungria quando a leitura que levava de Portugal terminou. Os Húngaros são um dos povos que mais lê, em toda a Europa. E isso pode ver-se pela quantidade de livrarias que têm. Na paragem do autocarro, na fila da padaria ou num banco de jardim a meio do dia, é vê-los de livrinho na mão! E para além de uma grande variedade de livros em Húngaro, têm também uma forte selecção de livros em língua estrangeira. Pude, por isso, comprar uns quantos pocket books, que tanto gosto e que em Portugal nem sempre aparecem, e quando aparecem, é ao preço do Reino Unido...
Este foi um deles. Interessou-me o tema e apesar de já ter lido alguns artigos sobre a extinção das abelhas na NG, este livro é muito mais completo. Bem, se eu já gostava de abelhas, passei a admirá-las ainda mais!
Não sei se virá para Portugal, mas devia ser um livro de leitura obrigatória. Acho que a maior parte das pessoas ainda não tem noção das consequências de uma possível extinção das abelhas... E é muito mais grave do que deixarmos apenas de ter mel ou plantas floridas!
Todos podemos ajudar e não é preciso transformarmo-nos em apicultores: basta termos algumas flores nas nossas varandas e jardins e acolher as nossas amigas. Deixá-las lamber o néctar à vontade (nós também não o queremos, não é?) e colher o pólen nas suas bolsinhas.
Aloha

Monday, November 7, 2011

Lisbon & Estoril Film Festival





















Para quem anda a leste do que se passa em território nacional, saibam que só perderam ainda 4 dias do Lisbon & Estoril Film Festival, e que ainda vão a tempo de se redimirem.
Com muita pena minha, estou longe e só pude comparecer no fim de semana, mas do que me foi dado a ver, a organização está de parabéns.
Fui assistir ao novo filme de David Cronenberg - A Dangerous Method, sobre Freud e o nascimento da psicanálise. Depois do filme, o realizador e alguns dos actores compareceram numa espécie de debate aberto ao público. Foi possível colocar questões a cada um deles e interagir com o elenco, e perceber que existe um excelente relacionamento entre todos eles, tanto ao nível profissional como pessoal. Quando as coisas funcionam assim, só se pode esperar algo grandioso!
Consultem o programa ou deixem-se surpreender pelos filmes. Existem grandes nomes em cartaz, mas para além dos filmes, existe toda uma panóplia de conferências, exposições, concertos e masterclasses com os realizadores/produtores/actores. Os bilhetes variam entre os 2 e os 5 €, o que é uma pechincha para um festival com esta dimensão. É bom saber que ainda se fazem coisas com categoria em Portugal.
Aloha